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Fabiana Faleiros

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Por: Fabiana Faleiros

Como se deu a materialização do trabalho?

Conecte-se faz parte do Mastur Bar. O Mastur Bar é uma coisa bem complexa, mas é um bar. Faço uma performance que se chama aula-show, sobre o gesto desmunhecar.  Gosto de investigar a corpa, notar como se movem as articulações, o que isso tem a ver com nossa ancentralidade cobra, o que tem a ver com os processos coloniais, e criar imagens que movem esse fluxo para outra direção. Na aula-show mostro, com palavras, músicas, imagens e objetos, como esse gesto foi construído como sendo um gesto do repertório feminino branco burguês e depois virou “ser um homem afeminado”. Munheca vem do espanhol, é boneca. A língua do colonizador dando nome pra uma parte do corpo. Eu vou contando a historia – ficção desse gesto com imagens da história da arte canônica a partir do século XVI até chegar nas imagens em que desmunhecar vira um gesto feminino (antes era apenas um gesto nobre). Isso acontece no final do século XVIII, quando aparece nas corpas das mulheres denominadas histéricas pelo diretor do Hospital Psiquiátrico Salpetriere, Charchot, que criou toda uma iconografia para coreografar a histeria como doença exclusivamente feminina. O orgasmo em condições clínicas “curava” as pacientes (sendo masturbada pelo médico). A desmunhecada estava em contratura (gesto que parece um soco pra dentro), bem longe do ventre. A revista Vogue, que surgiu no início do século XIV, depois dessa iconografia, sempre tinha uma mulher desmunhecando na capa. 

Daí chego na dança Vogue, que surgiu em Nova York, no Harlem, nos anos 60, sendo criada por corpas dissidentes de raça, classe e gênero, que subvertem o gesto. Misturado com o break dance, com a ginastica e outras danças afro-hispânicas, desmunhecar vira outra coisa, vira a afirmação de uma potência, questiona o que é ser “mulher”.

A imagem do conecte-se, que tem um wifi buceta-cu, surge nessa pesquisa e também depois de algumas sessões de acupuntura que fiz e senti um alinhamento dos chakras. Ela se materializa quando olho pro símbolo do wifi e vejo um triângulo que é a representação de como a vibração se propaga na água. Nessa parte da performance falo sobre o capitalismo touchscreen, mais uma apropriação da vibração. Assim como os vibradores foram criados para curar a histeria, o celular quer concentrar nosso desejo todo nele, e umas das técnicas é a vibração. O toque sensível à tela, esse tipo de  espelho que rola, é o feed. Como um cachorro que quer esconder o cocô e esfrega a pata no piso frio achando que ali tem terra, estamos sempre buscando TUDO no feed. 

O conecte-se é sobre a conexão de si, o cuidado de si, a masturbação como gesto de cura e produção de vibração que começa no chakra básico e vai ate o coronário. É uma forma de visualizar e ao mesmo tempo apagar esse aprendizado colonial sobre o amor romântico, sobre a educação pela pornografia mainstream, sobre a desconexão entre sexo e espiritualidade. 

Como você vê seu trabalho hoje?

Comecei o Mastur Bar em 2015 e desde então muitas pessoas colaboraram com o projeto e ele foi tomando outras formas. Me sinto mais próxima do conecte-se. Tenho feito praticas de gozar sem objeto, pensar as fronteiras entre o riso, o gozo e o choro, acupuntura. Não sei se faria diferente. Talvez não. Vejo o trabalho como um pequeno arquivo que agora me leva para os ossos, além dos gestos. Tenho pensando na relação entre pélvis e esfenoide, o osso que faz a mandíbula se mexer, dentre outras coisas. É o primeiro osso que surge na base do crânio e tem o mesmo formato borboleta da pélvis. Tenho pensando assim: uma boca virada pra terra e bem diferente da boca pra frente.   Gosto de ler imagens e continuo lendo. Mas tem uma coisa que é produzir imagens, acho que me localizo mais na produção de imagens como se fossem um oráculo. Assim fico mais a vontade pra diferenciar intuição, paranóia e desejo. 

Que palavras conectam, colocam seu trabalho em relação com práticas, corpos, textos?

Oracular-se
Desejo
bell hooks: O amor como a prática da liberdade
Magia
Solange, tô aberta 
Irmã
Kundaline
Plexo Solar 
Maria Galindo: No se puede descolonizar sin despatriarcalizar

Bio:

Artista-pesquisadora, trabalha na intersecção entre arte, produção de subjetividade e invenção de pedagogias. Doutora em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ com a tese Lady Incentivo SEX 2018: um disco sobre tese, amor e dinheiro. Em 2017 participou da residência Capacete – Documenta 14, Atenas, Grécia e em 2018 da 10ª Berlin Biennale.

Fabiana Faleiros

Como se deu a materialização do trabalho?

Conecte-se faz parte do Mastur Bar. O Mastur Bar é uma coisa bem complexa, mas é um bar. Faço uma performance que se chama aula-show, sobre

Cine clube pós-pornô

erika sarmet pós-pornografia
C1C5B26A-E619-4B75-B7D4-0393505B6323

Cine clube pós-pornô

Curadoria: Andiara Ramos, Nathalia Gonçales
Debate-bafo: Andiara Ramos Pereira, Nathalia Gonçales, Kleper Reis e Bibi Campos Leal.

Corpos dissidentes. Corpos como armas bélicas. Fabulações marginais de prazeres da carne. Um novo imaginário do corpo, do sexo e das práticas pornográficas. Eis o cineclube pós-pornô.

Programação:

Reivindico meu direito a ser um monstro

Susy Shock
Poema lido no Festival pela Despatologização das Identidades Trans na cidade argentina de La Plata, 2011.

Indecencia Transgenica

Marina Murta e Nina Rodrigues
Em uma noite de lua nova, duas sapatonas se unem para praticar conjuros contra o cistema normativo heterocapitalista. A força orgástica sapatão combatendo a dominação das terras e dos corpos dissidentes da heterossexualidade compulsória, incitando a rebeldia e resistência sapatanicas y agrofanchas.

Conjuro Sapatâniko

Marina Murta e Nina Rodrigues
Em uma noite de lua nova, duas sapatonas se unem para praticar conjuros contra o cistema normativo heterocapitalista. A força orgástica sapatão combatendo a dominação das terras e dos corpos dissidentes da heterossexualidade compulsória, incitando a rebeldia e resistência sapatanicas y agrofanchas.

Latifúndio

C1C5B26A-E619-4B75-B7D4-0393505B6323

Érica Sarmet
Área demarcada, regulada e vigiada do Estado, o corpo é a nossa primeira propriedade privada. Vasto, amplo, oferece múltiplas possibilidades de criação e construção, mas acaba reduzido a práticas sexuais e corporais monocultoras. E se nós invadíssemos o corpo? Para a reforma agrária sexual você precisará de carvão, ovos e tinta vermelha.

Extética

nishmi
sobre adequar-se a padrões
sobre normalizar nossos corpos
(tamanha doutrina)
angústias estéticas há muito guardadas.
sobre liberdade.

Tarta nupicial

Lu Muzzin, Fernanda Guaglianone, Ph lau gam
Vídeo-registro de ação realizada na cidade argentina de La Plata, 2012. Um percurso por lugares historicamente utilizados como cenários para legitimar o ritual do casamento normativo.

‹ X-MɅNɅS ›

Clarissa Ribeiro
Recife, 2054. No submundo os dissidentes sexuais, bichas bandidas, travestis, sapatonas boladas e todos os corpos marginalizados bolam um plano para destruir a cisheteronorma.

Lemebel

Joanna Reposi
O itinerário traçado pelo ativista, artista e escritor chileno Pedro Lemebel indica um caminho marcado pela dor, uma incursão pelas feridas de um passado que ainda insiste em fazer turno.

Coletivo Coiote e Anarcofunk na Cinelândia

Korpos enquanto armas bélicas. Matéria envolvente entre espaço-tempo. Desprogramadxs do desejo de consumo hetero-capital- cri$tão. Desejantes de um devir selvagem. Korpos em festa.

Andiara Ramos Pereira (Dee Dee) é membro da Coletiva Feminista Maria Bonita RJ, responsável pela organização da I Mostra Pós Pornô (R)Existentes e outros eventos de pós-pornografia na cidade do Rio de Janeiro. Compõe os grupos de pesquisa Práticas estético-políticas na arte contemporânea/UFF e Trauma, subjetividade e políticas de reconhecimento/UniRio. Possui pesquisa voltada para as intersecções entre Arte, Gênero e Política.

Nathalia Gonçales compõe o CineQueer e NuSex – Núcleo de Estudos em Corpos, Gêneros e Sexualidades. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisa temáticas relacionadas a ficções sexuais, arte, performance e políticas do corpo.

Corpos dissidentes. Corpos como armas bélicas. Fabulações marginais de prazeres da carne. Um novo imaginário do corpo, do sexo e das práticas pornográficas. Eis o cineclube pós-pornô.

Despina / Julho / 2017
Curadoria: Andiara Ramos, Nathalia Gonçales
Debate-bafo: Andiara Ramos Pereira, Nathalia Gonçales, Kleper Reis e Bibi Campos Leal.

Programação

Reivindico meu direito a ser um monstro

Susy Shock
Poema lido no Festival pela Despatologização das Identidades Trans na cidade argentina de La Plata, 2011.

Indecencia Transgenica

Hija de Perra & Perdida
Atenção! Se o sexo fora da ordem “natural” te ofende, se você é da opus dei, se você é homofóbico ou se sua moral não te permite, abstenha-se de ver este vídeo.

Conjuro Sapatâniko

Marina Murta e Nina Rodrigues
Em uma noite de lua nova, duas sapatonas se unem para praticar conjuros contra o cistema normativo heterocapitalista. A força orgástica sapatão combatendo a dominação das terras e dos corpos dissidentes da heterossexualidade compulsória, incitando a rebeldia e resistência sapatanicas y agrofanchas.

Latifúndio

Érica Sarmet
Área demarcada, regulada e vigiada do Estado, o corpo é a nossa primeira propriedade privada. Vasto, amplo, oferece múltiplas possibilidades de criação e construção, mas acaba reduzido a práticas sexuais e corporais monocultoras. E se nós invadíssemos o corpo? Para a reforma agrária sexual você precisará de carvão, ovos e tinta vermelha.

Extética

nishmi
sobre adequar-se a padrões
sobre normalizar nossos corpos
(tamanha doutrina)
angústias estéticas há muito guardadas.
sobre liberdade.

Tarta nupicial

Lu Muzzin, Fernanda Guaglianone, Ph lau gam
Vídeo-registro de ação realizada na cidade argentina de La Plata, 2012. Um percurso por lugares historicamente utilizados como cenários para legitimar o ritual do casamento normativo.

‹ X-MɅNɅS ›

Clarissa Ribeiro
Recife, 2054. No submundo os dissidentes sexuais, bichas bandidas, travestis, sapatonas boladas e todos os corpos marginalizados bolam um plano para destruir a cisheteronorma.

Lemebel

Joanna Reposi
O itinerário traçado pelo ativista, artista e escritor chileno Pedro Lemebel