tropicuir

Pornôpirata

Pornôpirata

Pós-porno e afronta à heteronormatividade compulsória

Por: Bruna Kury

Qual era sua intenção ao imaginar este trabalho?

Ao imaginar o trabalho me veio a vontade de expandir os imaginários em relação a sexualidade e o que permeia essa construção normatizadora. Pensando em sexualidade criativa e não hegemônica, corporalidades dissidentes com lugar de fala e desconstrução da norma. A popularização da póspornografia por um viés sudaka.

A venda de DVDs é acompanhada de diálogo num processo de interseccionalizar questões como raça, gênero, sexualidade, etc. Nesse mundo onde as relações são hierarquizadas e os desejos podados e condicionados a corpos hétero branco e cis, o projeto PORNOPIRATA (2017) foi criado para ser fonte de renda e autonomia na marginalidade; popularização da PÓS-PORNO e afronta a heteronormatividade compulsória, a idéia é participar de eventos e feiras principalmente na rua para mostrar que outro pornô é possível e muitas vezes nossos tesões estão condicionados.

Sexorcismos, pornoterrorismo, pós pornografia, glitterrorismo, sexualidades dissidentes, corpas não assimiláveis e marginalizadxs e oprimidxs, corpxs gordxs, travestis, ditas doentes, doentes, cyborgs, kuirs, sudakas, negrxs, indigenxs, trans, intersexs, com diversidades funcionais, ditas sujas, sujas, antiheterokapital. 

Como se deu a materialização do trabalho?

O projeto é criação minha mas não aconteceria se não fosse as parcerias e afetos nesse processo. Considero uma produção coletiva mesmo a curadoria dos vídeos sendo minha. As primeiras capas (dvd 1 e 2 contou com duas capas cada, feitas pelo artista Márcio Vasconcelos.

A terceira foi eu mesma que fiz e a quarta edição com curadoria em parceria com monstruosas e distro dysca teve capa feita pelas mesmas. Os DVDs são vendidos tanto por mim quanto por outras pessoas dissidentes dentro dessa rede póspornô, tendo como comum acordo o cuidado com a difusão do material. Na ocasião da banca na exposição “os corpos são as obras”, contei com a luxuosa parceria de Ventura Profana, performando comigo “escorpionika”

Após a leitura de um texto escrito por mim estávamos em ação póspornô que digo ser sobre cuidado. Na ação, me masturbo com o cabo de uma faca deixando a lâmina para fora, numa espécie de rabo-prótese-cortante. A performance é sobre o cú que não é passivo e sim ativo e cortante, uma resposta violenta ao heteropatriarcado. Após a masturbação eu e Ventura ficamos num tipo de dança dos corpos onde conversamos analmente.

bruna_kury_objetual

Fálico, face, plug anal. série eskorpiônica

Como você vê seu trabalho hoje?

Vejo meu trabalho como arte contemporânea interseccional, a póspornografia é só um dos caminhos, todo o percurso e as historicidades fazem parte e reverberam, a pornopirataria se conecta a trabalhos em performance “escorpiônika” (que já performei sozinha várias vezes e também com Ventura Profana na Despina, no Mastur Bar com Mogli Saura, no festival Anormal com a Diana Pornoterrorista, etc), o objetual de resina dildo-faca, a série fotográfica, etc. Vejo o trabalho em processo e não faria nada diferente.

Que palavras conectam, colocam seu trabalho em relação com práticas, corpos, textos?

necropolítica, fronteiras, rede, anarquia, dissidência, pornoterror, insurreição, revolta, transexualidade, capitalismo gore, hiv

BIO / Bruna Kury (1987) é brasileira, anarcatransfeminista, performer, artista visual e sonora, atualmente reside em São Paulo (BR) e desenvolve trabalhos em diversos contextos, seja no mercado institucional da arte ou em produções de borda. Focada em criações atravessadas por questões de gênero, classe e raça (contra o cis-tema patriarcal heteronormativo compulsório vigente e a opressões estruturais-GUERRA de classes). Já performou com a Coletiva Vômito, Coletivo Coiote, La Plataformance, MEXA e Coletivo T. Atualmente investiga sonoridades no pósporno e a criação de objetuais que são ramificações do trabalho com performance.

bruna kury e ventura profana

Ação de Bruna Kury e Ventura Profana na noite de abertura da mostra Os Corpos são as Obras na Despina, Rio de Janeiro em 2017.

Pós-porno e afronta à heteronormatividade compulsória

Bruna Kury

Qual era sua intenção ao imaginar este trabalho?

Ao imaginar o trabalho me veio a vontade de expandir os imaginários em relação a sexualidade e o que permeia essa construção normatizadora. Pensando em sexualidade criativa e não hegemônica, corporalidades dissidentes com lugar de fala e desconstrução da norma. A popularização da póspornografia por um viés sudaka.

A venda de DVDs é acompanhada de diálogo num processo de interseccionalizar questões como raça, gênero, sexualidade, etc. Nesse mundo onde as relações são hierarquizadas e os desejos podados e condicionados a corpos hétero branco e cis, o projeto PORNOPIRATA (2017) foi criado para ser fonte de renda e autonomia na marginalidade; popularização da PÓS-PORNO e afronta a heteronormatividade compulsória, a idéia é participar de eventos e feiras principalmente na rua para mostrar que outro pornô é possível e muitas vezes nossos tesões estão condicionados.

Sexorcismos, pornoterrorismo, pós pornografia, glitterrorismo, sexualidades dissidentes, corpas não assimiláveis e marginalizadxs e oprimidxs, corpxs gordxs, travestis, ditas doentes, doentes, cyborgs, kuirs, sudakas, negrxs, indigenxs, trans, intersexs,

Cine clube pós-pornô

erika sarmet pós-pornografia
C1C5B26A-E619-4B75-B7D4-0393505B6323

Cine clube pós-pornô

Curadoria: Andiara Ramos, Nathalia Gonçales
Debate-bafo: Andiara Ramos Pereira, Nathalia Gonçales, Kleper Reis e Bibi Campos Leal.

Corpos dissidentes. Corpos como armas bélicas. Fabulações marginais de prazeres da carne. Um novo imaginário do corpo, do sexo e das práticas pornográficas. Eis o cineclube pós-pornô.

Programação:

Reivindico meu direito a ser um monstro

Susy Shock
Poema lido no Festival pela Despatologização das Identidades Trans na cidade argentina de La Plata, 2011.

Indecencia Transgenica

Marina Murta e Nina Rodrigues
Em uma noite de lua nova, duas sapatonas se unem para praticar conjuros contra o cistema normativo heterocapitalista. A força orgástica sapatão combatendo a dominação das terras e dos corpos dissidentes da heterossexualidade compulsória, incitando a rebeldia e resistência sapatanicas y agrofanchas.

Conjuro Sapatâniko

Marina Murta e Nina Rodrigues
Em uma noite de lua nova, duas sapatonas se unem para praticar conjuros contra o cistema normativo heterocapitalista. A força orgástica sapatão combatendo a dominação das terras e dos corpos dissidentes da heterossexualidade compulsória, incitando a rebeldia e resistência sapatanicas y agrofanchas.

Latifúndio

C1C5B26A-E619-4B75-B7D4-0393505B6323

Érica Sarmet
Área demarcada, regulada e vigiada do Estado, o corpo é a nossa primeira propriedade privada. Vasto, amplo, oferece múltiplas possibilidades de criação e construção, mas acaba reduzido a práticas sexuais e corporais monocultoras. E se nós invadíssemos o corpo? Para a reforma agrária sexual você precisará de carvão, ovos e tinta vermelha.

Extética

nishmi
sobre adequar-se a padrões
sobre normalizar nossos corpos
(tamanha doutrina)
angústias estéticas há muito guardadas.
sobre liberdade.

Tarta nupicial

Lu Muzzin, Fernanda Guaglianone, Ph lau gam
Vídeo-registro de ação realizada na cidade argentina de La Plata, 2012. Um percurso por lugares historicamente utilizados como cenários para legitimar o ritual do casamento normativo.

‹ X-MɅNɅS ›

Clarissa Ribeiro
Recife, 2054. No submundo os dissidentes sexuais, bichas bandidas, travestis, sapatonas boladas e todos os corpos marginalizados bolam um plano para destruir a cisheteronorma.

Lemebel

Joanna Reposi
O itinerário traçado pelo ativista, artista e escritor chileno Pedro Lemebel indica um caminho marcado pela dor, uma incursão pelas feridas de um passado que ainda insiste em fazer turno.

Coletivo Coiote e Anarcofunk na Cinelândia

Korpos enquanto armas bélicas. Matéria envolvente entre espaço-tempo. Desprogramadxs do desejo de consumo hetero-capital- cri$tão. Desejantes de um devir selvagem. Korpos em festa.

Andiara Ramos Pereira (Dee Dee) é membro da Coletiva Feminista Maria Bonita RJ, responsável pela organização da I Mostra Pós Pornô (R)Existentes e outros eventos de pós-pornografia na cidade do Rio de Janeiro. Compõe os grupos de pesquisa Práticas estético-políticas na arte contemporânea/UFF e Trauma, subjetividade e políticas de reconhecimento/UniRio. Possui pesquisa voltada para as intersecções entre Arte, Gênero e Política.

Nathalia Gonçales compõe o CineQueer e NuSex – Núcleo de Estudos em Corpos, Gêneros e Sexualidades. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisa temáticas relacionadas a ficções sexuais, arte, performance e políticas do corpo.

Corpos dissidentes. Corpos como armas bélicas. Fabulações marginais de prazeres da carne. Um novo imaginário do corpo, do sexo e das práticas pornográficas. Eis o cineclube pós-pornô.

Despina / Julho / 2017
Curadoria: Andiara Ramos, Nathalia Gonçales
Debate-bafo: Andiara Ramos Pereira, Nathalia Gonçales, Kleper Reis e Bibi Campos Leal.

Programação

Reivindico meu direito a ser um monstro

Susy Shock
Poema lido no Festival pela Despatologização das Identidades Trans na cidade argentina de La Plata, 2011.

Indecencia Transgenica

Hija de Perra & Perdida
Atenção! Se o sexo fora da ordem “natural” te ofende, se você é da opus dei, se você é homofóbico ou se sua moral não te permite, abstenha-se de ver este vídeo.

Conjuro Sapatâniko

Marina Murta e Nina Rodrigues
Em uma noite de lua nova, duas sapatonas se unem para praticar conjuros contra o cistema normativo heterocapitalista. A força orgástica sapatão combatendo a dominação das terras e dos corpos dissidentes da heterossexualidade compulsória, incitando a rebeldia e resistência sapatanicas y agrofanchas.

Latifúndio

Érica Sarmet
Área demarcada, regulada e vigiada do Estado, o corpo é a nossa primeira propriedade privada. Vasto, amplo, oferece múltiplas possibilidades de criação e construção, mas acaba reduzido a práticas sexuais e corporais monocultoras. E se nós invadíssemos o corpo? Para a reforma agrária sexual você precisará de carvão, ovos e tinta vermelha.

Extética

nishmi
sobre adequar-se a padrões
sobre normalizar nossos corpos
(tamanha doutrina)
angústias estéticas há muito guardadas.
sobre liberdade.

Tarta nupicial

Lu Muzzin, Fernanda Guaglianone, Ph lau gam
Vídeo-registro de ação realizada na cidade argentina de La Plata, 2012. Um percurso por lugares historicamente utilizados como cenários para legitimar o ritual do casamento normativo.

‹ X-MɅNɅS ›

Clarissa Ribeiro
Recife, 2054. No submundo os dissidentes sexuais, bichas bandidas, travestis, sapatonas boladas e todos os corpos marginalizados bolam um plano para destruir a cisheteronorma.

Lemebel

Joanna Reposi
O itinerário traçado pelo ativista, artista e escritor chileno Pedro Lemebel